Thursday, October 06, 2005

Perfil

Tens uma aurora glamorosa em olhos límpidos
O silêncio é possuir-te em sonhos
E uma obra inacabada em tua boca
Sinto-me sóbria em tua sombra
O repousar das horas em cílios esmaecidos
Tua aresta é meu vício
E o retalhar do meu corpo em dedos lânguidos.
Lê-se um soneto em teus pêlos
Teu calcanhar é meu ofício
Onde a luz nuvens desenha
Tua essência, o suor do riso
E outrém rabisca um livro
Enovelando devaneios
Onde o medo acalenta

Thursday, June 23, 2005

Claridad de la mañana

Se tua manhã é meu algoz
Algo que castra e incita
A noite, sua párea, consome em sombras
Todos os meus devaneios

Não te direi senão em dia
Todo e qualquer vão pensamento
Pois que a chegada da aurora
É também, do ofício

Mas como prender tua boca em um riso,
Sem o menor receio de consolidar-me em prantos?
Como consumir tão pueril exaspero?

Não te quero amor, não te quero nada
Apenas um tempo em que caibamos tu e eu
E depois se desfaça.

Tuesday, June 07, 2005

Modorra do ser

Olhos esbugalhados ante o abismo
Da leveza lúcida do entreacordado
A existência velada em sonhos incendiários
Na modorra do ser.
Embriagante tempo de vestes floridas
Que de um hálito desenham nuvens estonteantes
Alternando estados e instâncias
Na tontura de cores e passos
Como cirandas, em allegro, rodopiando,
No compasso do desatino
Que coroam a mente.

Friday, May 20, 2005

Escarlate

O sinal fechado
Traduz-se na iminência
Da inércia ociosa
E da hostilidade aparente
Aparentemente efêmera
Como cortinas de fumaça cintilante
Que se aglomeram
Para desaparecer...

Incontáveis são os finos fios
Que expelem um odor flamejante
Fonte alucinógena da insensatez lingüística
Que anuncia sua presença.

São tintos, os vinhos que brindam
À covardia atônita e pálida
Capaz de desfigurar o protótipo de sentimento latente.

O banho de lágrimas da rosa desbotada
É signo visual que elucida a esperança
Que se renova em pequenos ciclos.






Repulsa

Sentimento abortado
Pela infeliz coincidência de nomes
Antes não sabido
Antes não achado

Um rapto
Um beijo
Um desencanto
Um alento

O sangue de lágrimas
Que jorram aos litros
Dos seios que embalam os sonhos

A lua aluada
Que do sol se esconde
Insinuando diariamente uma despedida

As muitas faces da dor
E suas máscaras
Que castram homens e sentidos

Wednesday, May 18, 2005

Do lado de cá

Autor: Régis
28/04/05 - 14/05/05

Vivo num gueto de lâmpadas fracas.

Meus irmãos de festa

Meus colegas de trabalho

Meus amigos mal escolhidos as

Mastigaram.


Desse lugar que não é porto

Nem telhado de pouso ou ternura

Não me vejo de todos os lados

E meus lábios nunca dormem.


Os banheiros estão grafados

De uma peculiar literatura

acompanhada de nomes fictícios,

telefone e endereço eletrônico:

“Enterro a opressão em andanças libidinosas

Visto-me para me equilibrar em mastros,

desteço calças claras e, ao estendê-las,

lástimas e bandeiras”.


“Bordo cabeças no desalinho de meus dedos

que clamam outros e um punhado de bocas

para cobrir esse nervo que me pesa,

me assombra e me alarga.


“Desça o leite desses ventos,

depois da dança pélvica,

depois da embriaguez,

me negando a eternidade."


Cada laço aqui é fruto do destrato

E cada gole um pergaminho

De dores das mais requintadas.


Noites há em que as luzes

se amortecem ainda mais.

É quando intrusos lá do mundo

vêm perturbar nosso desassossego.

Monday, April 25, 2005

Jardim de Inverno

Inevitável que murchem
Mesmo as raras e belas
Seu torpor é perene.
Sua essência, fugidia,
Retida em retinas
Decrépitas, envelhecidas
Por vislumbrarem enternecidas
Centelhas às centenas
De pequenos corpos moribundos
Outrora reconhecidos.

Saturday, April 16, 2005

Desencontro, desencanto...

Dias mórbidos, noites corriqueiras
Mares imundos de mundos
En passant, en passant
Rápido, ligeiro!
Engula a pílula do tempo!

Sunday, April 03, 2005

Seu Corpo Nu

Terreno cálido
Vegetação rica porém rasteira
Clima quente e úmido
Com chuvas passageiras

Quem alcançar
Há de deslumbrar-se
Há de desejar irradicar-se

O cheiro de terra
Confunde-se facilmente
Com o aroma de flores
Suaves odores
Perdidos em sensações inebriantes

Saturday, April 02, 2005

A Vision

In a vision
A world
Of magicians, genius, witches...
All with their powers changed.
I see crocodiles taking sunbathes in shores,
Sharks in rainforest's rivers.
Each and every snake have their poison
and the magic portion lies in our countless serpent´s heads.
My enemy is myself
and myself has a five eye´s face.
I see the universe and the Great War, chaos.
The white powerful light then God descends on Earth.
And my God is the same of yours.
Billions spotlights of spirits
where everything is the same.
A brand new world is about to be born
to over pass it all again.
No more deaths where love remains
And notinhg ends
In end.

Wednesday, March 30, 2005

Flor de Outono

De longe, tão perto
Sendo cedo lhe parece
O amanhã nascente
Com o irradiar de luzes ofuscantes

O sorriso de um olhar sincero
Que enrubesce as maçãs dos olhos
O renovar de um dia
Após meses ou anos decompostos

A emoção catalisada
Por um breve instante de piscar olhos
A justa posição de sonhos
Esvaindo-se como brumas de Outono

Wednesday, March 23, 2005

Codinomes

Tenho hoje qualquer nome
Todos os nomes sou eu
Seja Thaís, Ana ou Lorena
Traços, círculos, reticências...
Codinomes que consomem
me convém...

Minha sina é camalear
Cambaleante, errante
E em matéria de amor
Minha prosa é o inverso
Do verso da estrofe
Que inverte a rima
Do amor sem dor

Sunday, March 06, 2005

Amor Invertido

Hoje a marca do não sido
Sangra solenemente
Na tez daquela
Que um dia ousou
A rosa podar

Palavras apodrecidas
Ecoam agora distorcidas
Em lábios que antes calavam
Ao te beijar

O abuso resulta da contradição dos teus atos
Que de mim fazem retalhos
Esses que me canso de juntar

E de ti posso dizer que aprendi
Que o amor que um dia se fez eterno
Sobrevive apenas
Em poemas que li