Friday, May 20, 2005

Escarlate

O sinal fechado
Traduz-se na iminência
Da inércia ociosa
E da hostilidade aparente
Aparentemente efêmera
Como cortinas de fumaça cintilante
Que se aglomeram
Para desaparecer...

Incontáveis são os finos fios
Que expelem um odor flamejante
Fonte alucinógena da insensatez lingüística
Que anuncia sua presença.

São tintos, os vinhos que brindam
À covardia atônita e pálida
Capaz de desfigurar o protótipo de sentimento latente.

O banho de lágrimas da rosa desbotada
É signo visual que elucida a esperança
Que se renova em pequenos ciclos.






Repulsa

Sentimento abortado
Pela infeliz coincidência de nomes
Antes não sabido
Antes não achado

Um rapto
Um beijo
Um desencanto
Um alento

O sangue de lágrimas
Que jorram aos litros
Dos seios que embalam os sonhos

A lua aluada
Que do sol se esconde
Insinuando diariamente uma despedida

As muitas faces da dor
E suas máscaras
Que castram homens e sentidos

Wednesday, May 18, 2005

Do lado de cá

Autor: Régis
28/04/05 - 14/05/05

Vivo num gueto de lâmpadas fracas.

Meus irmãos de festa

Meus colegas de trabalho

Meus amigos mal escolhidos as

Mastigaram.


Desse lugar que não é porto

Nem telhado de pouso ou ternura

Não me vejo de todos os lados

E meus lábios nunca dormem.


Os banheiros estão grafados

De uma peculiar literatura

acompanhada de nomes fictícios,

telefone e endereço eletrônico:

“Enterro a opressão em andanças libidinosas

Visto-me para me equilibrar em mastros,

desteço calças claras e, ao estendê-las,

lástimas e bandeiras”.


“Bordo cabeças no desalinho de meus dedos

que clamam outros e um punhado de bocas

para cobrir esse nervo que me pesa,

me assombra e me alarga.


“Desça o leite desses ventos,

depois da dança pélvica,

depois da embriaguez,

me negando a eternidade."


Cada laço aqui é fruto do destrato

E cada gole um pergaminho

De dores das mais requintadas.


Noites há em que as luzes

se amortecem ainda mais.

É quando intrusos lá do mundo

vêm perturbar nosso desassossego.