Wednesday, May 18, 2005

Do lado de cá

Autor: Régis
28/04/05 - 14/05/05

Vivo num gueto de lâmpadas fracas.

Meus irmãos de festa

Meus colegas de trabalho

Meus amigos mal escolhidos as

Mastigaram.


Desse lugar que não é porto

Nem telhado de pouso ou ternura

Não me vejo de todos os lados

E meus lábios nunca dormem.


Os banheiros estão grafados

De uma peculiar literatura

acompanhada de nomes fictícios,

telefone e endereço eletrônico:

“Enterro a opressão em andanças libidinosas

Visto-me para me equilibrar em mastros,

desteço calças claras e, ao estendê-las,

lástimas e bandeiras”.


“Bordo cabeças no desalinho de meus dedos

que clamam outros e um punhado de bocas

para cobrir esse nervo que me pesa,

me assombra e me alarga.


“Desça o leite desses ventos,

depois da dança pélvica,

depois da embriaguez,

me negando a eternidade."


Cada laço aqui é fruto do destrato

E cada gole um pergaminho

De dores das mais requintadas.


Noites há em que as luzes

se amortecem ainda mais.

É quando intrusos lá do mundo

vêm perturbar nosso desassossego.

2 comments:

Arouche said...

Esses versos são fruto de conversas nossas e de momentos vividos, compartilhados ou não, porém bastante comuns a certos entes de nossa 'fauna'.
Régis, se vc desistir eu desisto...

Anonymous said...

Nossas conversas tem sido mesmo uma fonte de inspiração... já estão saindo outras sobre os emaranhados amorosos em que vivemos metidos, quase sempre na condição de espectadores passivos ou participantes inconscientes...
Naum consigo desistir... isso é uma doença...